Qualidade percebida vs qualidade efetiva

Fevereiro é mês com poucos dias, mas quando se passa dias e noites a fio – dados os timings apertados – enfiada num estudo de mercado sobre um produto alimentar, este parece bem longe de terminar. Mas já está, o estudo foi entregue e o mês ainda não findou. Da impressora sairam três relatórios onde foram analisadas parte das lojas de um grupo com mais de duas dezenas de lojas, através de cliente mistério, inquérito a cliente da loja e inquérito à população que circula na zona. No total foram muitos números, muitas percentagens, muitos fatores a cruzar, muitos caracteres escritos.

Porque o problema identificado – que levou à necessidade do estudo –  poderia resultar da conjugação de vários fatores, entre internos e externos, o difícil seria conseguir apresentar soluções/sugestões integradas, pois havendo fortes variações de loja para loja, por que ponto partir?

Duvidas não existem:

Pela qualidade. Sempre a qualidade. Para mim, para se fazer marketing com qualidade é preciso que este seja sobre um produto de qualidade, especialmente na área alimentar. E quando digo qualidade, não quer dizer que tem de ser a melhor, só quero dizer que em 1) o produto tem de ter qualidade efetiva (de acordo com o preço que pratica, etc.) mas mais importante que a primeira,  2) a qualidade do produto tem de ser percebida.

Felizmente que neste estudo a qualidade do produto é mais que efetiva. E que a percebida pode ser fortalecida com algumas políticas de marketing. Mas se tivéssemos de conjugar fraca qualidade dos produtos com má localização e contexto social da zona pouco favorável à loja, bastar somente “marketing” não seria a solução.

Mas a qualidade percebida é o ponto que mais gosto de trabalhar na área alimentar.  Apesar de muitas vezes, mais do que devia, ser totalmente esquecida dentro das empresas, pois para estas o importante é que haja a qualidade efetiva. ( É inclusive esta a qualidade que colocam como ponto forte na sua análise swot, e que lhes dá a “aparente” garantia e segurança.)

Lembro-me de há uns bons anos, quando trabalhava numa empresa alimentar, os engenheiros comentarem comigo: “não percebo como não se vende, o nosso produto é o melhor da região”. E era, e é. Mas nem todos sabiam isso. E se os outros não souberem, de nada vale esse ponto forte, por mais que nos orgulhe, por mais que nos satisfaça.

Pieter_Aertsen_1551

Imagem: Pieter Aertsen // ano de 1551.

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