Expressão que remonta à data de 218-201 a.C. é hoje prática corrente de muitos profissionais, ainda que talvez esta última palavra não seja a mais adequada, pois longe está o profissionalismo de quem apresenta o resultado final de um trabalho feito em cima do joelho. É, no entanto, alvo de algum orgulho, quando no final do trabalho, em conversa informal, muitos de nós dizemos para o colega “epá, foi feito em cima do joelho e o cliente aprovou”, e vem o gostinho a satisfação como quem pensa “já me safei de mais um”.
Ora, para quem não sabe, esta expressão existe desde a ocupação romana da peninsula ibérica. Por esta altura os romanos ensinavam escravos a fazer telhas com barro usando como molde a própria coxa. E eles lá faziam, umas maiores, outras mais pequenas. Eram basicamente telhas irregulares, pois cada escravo tinha um “molde” diferente. Tinham no entanto a sua utilidade, afinal eram somente telhas. Se me parece mal? Não. Era somente uma forma, um molde.
O pior é quando se esquece que a expressão surge porque só tinha de se fazer uma forma em cima do joelho e vimos muitos indivíduos a apresentar conteúdo, ou seja, a vender uma ideia em cima do joelho.
É que, e já vamos ao ponto a que quero chegar, pensar em cima do joelho é basicamente uma espécie de – e não me levem a mal – vómito de ideias, que só serve para as riscar e as tornar inúteis. O que não é mau; na verdade sou fã da inutilidade quando é percebida como tal. É até, muitas vezes riscando ideias, que chegamos ao risco que deve estar associado à “finalmente, grande ideia”.
Por isso muitas vezes penso em cima do joelho. E dessas vezes, todas as vezes, risco as ideias. Porque acredito que é um método válido para se alcançar o melhor de nós. Porque lá está, essas ideias riscadas eram somente a forma. A forma de se chegar ao conteúdo que não é riscado. É arriscado. E arriscar é bom.
Por isto concluo: Se devemos apresentar um trabalho feito em cima do joelho? Não. Se devemos pensar em cima do joelho? Sim. Porque essa é uma forma, um método, um molde, até riscarmos tudo o que não interessa.
E depois dessa fase, só pode sobrar o melhor de nós.